domingo, 30 de dezembro de 2012

Desenho: ROSSETTO, S. 
Música: FRESSATO, L.
(Veranizar)

A fruta que não foi comida


A pena que nos une



É uma pena essa distância.
É uma pena não poder tocar sua boca, enquanto você sorri.
É uma pena.
Porém é mentirosa e bela.
Representa a liberdade.
A minha.
A sua.
A Nossa!
Que pena! 



Conspiração Cósmica


Há algo que me faz ver-te sem querer. Há uma força cósmica que me leva à ti todas as noites. Fecho os olhos, adormeço e lá estamos nós. Felizes. Juntos. Há algo que, sem querer, nos junta sem saber. Lamento, às vezes, o despertar. Logo, agradeço ao universo por poder tocar seus lábios, em outras realidades. Ainda assim, eu vejo você.

Sobre um coração


E vai chover. Pingar dentro da minha xícara com chá.


Sobre nós, ao universo


Que sejamos harmoniosos, tranquilos, saudáveis. Sim, que sejamos doces...


Autossuficiência


A sutil diferença entre desabafar e querer fazer.


Primeira notícia tua


Pensei em descansar. Enfiei-me dentro de um pijama. Jantei feito rei. O telefone tocou. Era um recado seu, via amigos. Abandonei o prato. Coloquei o brilho. Me perfumei com fragrância importada e emprestada. Batom vermelho. Fui ao teu encontro.

Sobre quando te toquei



Foi quando desisti de pensar
Em te querer (e desejar)
Que te encontrei:
Na companhia
Do cigarro, do álcool,
Do breu.
Ébrio.
Escuro.
Cantei, por fim, a canção singela que te fiz.
Te encantei.
Voei.

Sobre quando virou índio


Ao desenhar-te, por memória, transformei-te em índio. Cacique. O que sabe o que faz. Ilumine-te. Nos descubra. Harmonize-nos.

Coisas que acontecem


Separados por quinze minutos, várias canções, quinhentos quilômetros e uma opção sexual.

sábado, 29 de dezembro de 2012

Boemia


Jurei não voltar, não esperar, não me iludir. Mas bastou um vento chegar e me levar aonde seus escarros são expostos. Li palavra por palavra e me perdi na claridade do seu quero ser feliz com você agora.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

=

Não o questiono esperando respostas... apenas abro caminhos. Possibilidades.

-


Seja quem quiser ser: o cachorro, o gato, o carrapato. O que é de verdade hoje, é agora e é amanhã (se é que ele existe).

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

-


Um prazer que existe pelo complexo completo oposto. Um não às semelhanças. Desanuviar. Outro sim à completude. Das palavras escarradas, do Nós, do novo amor.  

domingo, 23 de dezembro de 2012

O Quadro

A liberdade que nos une ...


Sobre quando acordamos na hora certa


(Cinematográfico.)

- Casa comigo?
- Sim!

(Felizes juntos.)

- Não lembro. Eu pedi para namorar ou casar?
- Casar.
- Quer recomeçar, então, comigo?
- Sim.

(Onírico. E fora acordada logo após.)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012


Me falta o ar, me tira o sono. Me enjoa. Me encanta. Me vicia. Oh, Santos ...

domingo, 16 de dezembro de 2012

Sobre o abacaxi

o miolo, que todo mundo joga fora, é a melhor parte. Só aproveita quem conhece.

Em vão


Agora você tem alguém que faz pra ti o que você fazia para os outros. Será você como eles? Preferirá correr e dançar a quadrilha? Prefiro uma valsa. Nós dois ...  

sábado, 15 de dezembro de 2012

Sobre quem não sabe


Que o tempo mostre o que é belo,
Que permaneça o que é puro.
Que a dor esteja por tempo suficiente,
Que as lágrimas caiam.
Que você sinta o que eu sinto,
Que não se espante.
Que seu perfume me invada,
Que sua boca me toque,
Que nossos corpos se pertençam.
Que o tempo traga o melhor.
Que tudo seja o que for.
Que a voz que canta me encante.
Que a chuva, com lágrimas, caia e a maquiagem derreta.
Que eu te atordoe.
Que venha a poesia.
Que sejamos felizes.
Que o mundo acabe.
Que meu melhor seja contigo.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Olhos de mulherzinha


Teus olhos me sugam (sem querer) para algum universo paralelo, que faz eu querer me perder e nunca mais me achar.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O que me cobre

Deitei sob a cama dura, que me aguardava. Sem sono. Desejei-te ali. Cobri-me com um lençol qualquer. O algodão se tornou minha epiderme. O algodão, tua tez - nossa. Senti teu cheiro (oriundo do pano que me protegia do frio). Difundi-me em teu cheiro, vindo de lugar algum, a não ser do meu desejo de ter tua pele sob a minha (como o algodão que me consola, na tua ausência).

domingo, 2 de dezembro de 2012

Sobre noites de sonos e sonhos profundos

Tenho entregado-me tanto às realidades oníricas, que, despertada, me parece impossível distinguir o que pertence a que.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Você: em meus sonhos e ao meu lado

Descansei ao lado seu. Você invadiu meus sonhos. Ficamos juntos e sós, nas duas realidades.

Sobre a tristeza

- O que te angustia, menina?

- Sinceramente? A chuva que canta lá fora, e o silêncio que ressoa com minha solidão, aqui dentro.

-

Sinto inveja dessa gente que sabe o que quer. Entre as mais dilacerantes, há a dor da incerteza.

Together

Que culpa tenho se o olfato é forte? Se teu perfume está impregnado em meu cérebro? Se o sinto, sem querer, em aleatórios momentos? Que faço agora? Permita-me amar-te na distância. Amar-te com os olhos, com toques lentos (para variar). Aceito, cegamente, as culpas que tu depositas em mim. Aceite-me, com o carinho que trago pra Ti.

ao inspirar

Um cheiro. A mãe de um alguém. A traição. O perfume. A lembrança do adultério.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Sobre nós

Há tanto tempo longe de casa,
há mais sem um lar.
Eu também o vejo,
há quanto?, já não sei.
Tempo...
dilacerante ilusão
Dejetos, de cavalos, urbanos que apodrecem e (fe)odorizam as calçadas, que faremos com vocês?

domingo, 25 de novembro de 2012

Conto sobre quem não pode amar

- O que se passou, meu bem?

(Quis-te, mas não foi o suficiente. Suportei ver-te em outros braços. Suportei teus vícios – nossos. Esperei encontrar-te ao lado meu, com o nascer do sol. Sobrecarreguei minha carne com tantas ilusões. As despejei no chão. Depois me restou teu perfume, que veio até mim com o vento. Guardei a textura das tuas pernas em minhas mãos. Ouvi-te cantar tua preferida canção. Desejei recordá-la ao despertar. Desejei-te. Iludi-me. Jorrei nossa história para fora, numa catarse física.)

- Ah, deve ter sido algo que comi.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Conto sobre a emoção aos três anos

Chove em demasiado. A pequena (de três anos) precisa pegar a van para ir à escola. Seu pai a ergue no colo, com braços fortes e protetores, e a leva (sob um enorme guarda-chuva) até a porta do veículo escolar. Ela estava seca e empolgada com a aventura. Seu pai, seu herói.

Sobre o inverno de verão

Gosto do vento frio que invade meu corpo, que entra pelos olhos e me fazem chorar. Sento no banco, sorrio maquinalmente e choro pelo vento (pelas tristezas de-ex amores que ele traz).

Conto sobre uma gota

A gota que de meu olho saiu, escorreu pela minha mão, brilhou com uma luz que refletiu e vibrou com a mesma música que a germinou.

À viagem adiada


Besteira é negar que tua planta não germinou. Sabemos que o solo é infértil, que o sol se esconde e que não para de chover. É inútil negar, diante dessa flor que brotou em meio a seca do deserto. É bobagem negar esta manifestação pura de vida... e de amor.

Thigre


Se um dia eu puder dizer tudo o que eu sinto (que me sinto no ar, que não me sinto), talvez será tarde. E (no nosso agora) para ti, eu nada digo (sobre o que sinto). Para mim, assumo que mergulhei dentro dos olhos teus, e me perdi ao voltar.

domingo, 18 de novembro de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

Conto sobre o descanso da beleza toda



Sei que tu dizes para eu viver minha vida.  Mas quero me enraizar nos teus cabelos e cair dentro dos teus olhos escuros. Sei que, de tudo, o melhor tu me desejas. E eu só quero que o melhor seja ao lado teu.

Sobre a hora

olha,
antes eu queria que fosse tarde
e agora que é tarde
queria que fosse cedo
pois quando era cedo, tinha sono
e agora que é tarde, ele se foi.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Conto sobre a falta do que não será


Este violino que escuto agora, em meio ao caos que me norteia, me remete a ti.  Não sei se é o violino, ou se são todos os momentos em que passamos juntos, mas, de certa forma, estás em mim todo o tempo. Sinto falta do que vamos deixar de viver, meu bem.

À moreninha


Adormeci. Prometi a mim que permaneceria de olhos abertos, para contemplar tua beleza. Deitei de frente para ti. O breu, que tanto amamos, nos permeou. Teu rosto eu via pela metade. Tão lindos traços. Uma boneca. Acordei, enfim, e lembrei o porquê de ter dormido ali. Vi-te e despertei para a vida.


Conto sobre quando as unhas são cortadas

Certas vezes, quando você sai meio sem jeito, sem rumo, nem roupa, encontra alguém. Aí acontece algo esdrúxulo e belo. É quando você percebe que deve ter as unhas podadas, para não machucar de tanto amar. 

Conto sobre um amor de verão em outono

Não posso te ver. Tenho vontade de te erguer em meus braços, te beijar por inteira e elogiar tamanha beleza que transborda de ti. Não posso te ver. Desejo assumir que te quero. Não consigo mais te ver. Tu foste para tão longe, que meu olhar te perdeu.

À minha mulher


O medo que tu sentes de machucar meu corpo é, apenas, o medo de machucar minh’alma. Não tenhas medo, meu bem. A dor, em mim, sempre vem (minha solidão te atraiu, lembras?). Deixa-me aqui, como sempre fui: só. Foste linda, enquanto foste. Agora tu vais e eu fico cá, com o machucado que tu deveras temias causar.

Conto sobre quando as palavras acabam


 
Atraí-te pela minha solidão. Tu és tão linda e eu incapaz de te lembrar disso. Tuas mãos aquecem meu corpo,

Conto sobre uma espera


A cada quilômetro desta estrada, o ônibus resolver parar. Quanto mais hei de esperar para, finalmente, te encontrar? Tu, que esperei durante a minha vida.

Conto sobre os últimos escritos


Ela viajava serenamente - feliz, apenas. Escrevia contos e poemas sem parar. Até o momento em que ouviu uma voz masculina, no fundo do ônibus, gritando “vamos, passe a carteira. Passe tudo.” Quando essa voz chegou ao seu lado, e para a sua face apontou a arma, ela paralisou. Não poderia entregar seus escritos. Então, levou uma bala entre os olhos. Seus escritos se eternizaram. O sangue escorreu. O povo calou. Escureceu. O ônibus parou. E a voz fugiu.


Mais um de desamor


Mal sei quem tu és,
E tu não permites que eu saiba.
Sei teu nome.
Sei como fico ao te encontrar.
Sei que desejo todos os dias tua boca na minha
E minha mão entrelaçada na tua.
Conheço todos os pensamentos e sonhos que criei em ti.
Ilusão.
Não sei quem tu és,
Mas sei que te quero.
Sei que tu existes,
Mas que nunca serás meu.


Desequilíbrio


Ah, se você pudesse saber
Quão grande é meu querer,
Meu bem querer por ti.
Ah, se eu ganhasse
Reciprocamente teu amor.
Quem me dera...
Talvez tamanho desejo acabasse junto com a dor da platonicidade.

Conto sobre quem achou a liberdade


Ele queria ser livre, então se tornou uma árvore. Criou raízes profundas e, assim, pode mover-se livremente.


Ouvi uma conversa e quis responder


O coração sofre, algumas vezes.
Por amor, ou falta dele,
Por perder, o que não é se de ter,
Por sorrir, quando se quer chorar.
Pobre coração.
Despedaçou-se e, inútil,
Dilacerou todo o ser

sábado, 6 de outubro de 2012

Conto sobre uma resposta que veio em sonho


- Queria ver sua expressão ao receber meu envelope. Dentro deste, coloquei seu presente de aniversário (uma música arpejada). Queria saber se você choraria ao escutar (como eu fiz) ou se quebraria o disco ao meio e o jogaria no lixo.
- Nunca ninguém insistiu em insistir em algo que insiste tanto.

Conto sobre uma viagem


Ele entrou no ônibus e sentou. Arrumou os bancos. Sabia que as próximas oito horas seriam demasiadamente cansativas. Conformou-se. Colocou os fones de ouvido e permitiu que o jazz o invadisse. Ele aprendera o conceito de “feio” e havia muita gente que se encaixava dentro dele, ao seu redor. Recordou-se dos amores. Lembrou que havia presenteado um deles com um CD (composto por uma música que ele fez para ela, de aniversário). Então pensou na possibilidade de o ônibus dançar na pista e explodir. Ele morreria. Assim, ele escreveu poesia, para eternizar seu amor, seu pensar, seu desgosto. O odor fétido de fruta estragada o enjoava. Só não mais do que a vida que levava. Chorou pelos desamores. Quis um cigarro. Um vinho. Quis algo que o matasse mais depressa. Suas anotações caíram no chão. A lua surgiu. Ele adormeceu, por fim.

Conto sobre humanos que passam despercebidos


Pobre Joaquin. Velho, casado e porteiro. Perdera um irmão, logo após ter perdido sua filha mais brincalhona. Seu irmão (ainda que macérrimo) morrera por conta de uma pressão alta e diabete. Sua filha (jornalista importante)sofrera um acidente. O carro explodiu, após a colisão, e ela fora queimada até não sentir mais nada. Senti compaixão pelo bondoso Joaquin.
O pobre estava inconformado. “Os filhos não deveriam ir antes.”
Contudo, Joaquin tem um neto. Este ainda está vivo. Porém sem pai. Forte, como a dor o tornou, quase não chorou pela morte da mãe.
Frágil Joaquin. Tão sensível, tão humano. E ainda há quem o veja como um singelo porteiro, apenas.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Conto sobre o sofrer


Sinto uma necessidade absurda de chorar pelo cego, pelo surdo. Chorar pela moça que sofre, pelo bicho que morre. Choro por detalhes. Creio que gostaria de chorar por estar sentada no chão em que te vi cantando uma canção. Olho onde você sentava, mas há outra pessoa em seu lugar. O cheiro do pó ainda é o mesmo. A bela canção que agora escuto não se assemelha à sua, mas me levou à ti. Meu bem, que entrou em minha vida, que assim como veio, se foi.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Filosofia

A dor amadurece o ser.
A solidão gera dor.
Pensar demais gera a solidão.
A dualidade gera o pensar.
A fragmentação gera a dualidade.
O mecanicismo gera a fragmentação.
Teorias e filosofias geram e alimentam o mecanicismo.
A dúvida gera teorias e filosofias.
A espiritualidade gera dúvidas.
A Unidade (ser Um) gera a espiritualidade.
A Unidade, portanto, amadurece o ser.


Quando os olhares se cruzam

Bendito o instante do vício
em que tu foste
na sacada.
Encontrou-me perdida,
em minha janela,
olhando para o nada
divagando em solidão.
Segundos bentos em
que nossos olhares
se cruzaram, sem mais.
Nunca passou disso.
Nem sei quem tu és.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

A paz do meu bem

Comemoro o luto do
dia em que dissemos adeus.
Passo só. Penso em passar.
Passei pela vida,
por milhares de instantes
passados rapidamente.
Me perdi pelo caminho.
Redescobri o ego,
me perdi um pouco mais.
Procurei teus abraços
em outros corpos – em vão.
Pensei em ti,
então chorei.
Certa vez pensei
ter encontrado alguém como tu.
Até o nariz era o mesmo.
Doce ilusão.
Despertei, recordei...
te perdi.
Procura vaga, a minha.
Comemoro o luto, agora,
do dia em que o sol e a lua voltaram
para seus próprios lugares.
Desencontro. 


Dedico aos três anos, que jaz (hoje) há um.

Meu parecer sobre o jantar solitário

Interessante. Saí sozinha para jantar. Comecei a fazer poemas. Fui tratada tão bem. Não sei se foi pena, por minha solidão, ou se pensaram que eu era uma “avaliadora” da culinária. Engraçado, deveras.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Sobre uma janta solitária

Sento-me como o costume,
porem só.
Pobres palavras que saem de mim,
estão combinadas de forma tão tristonha.
Mas sento-me aqui.
Espero pelo meu prato.
(Sorte a minha (re)descobrir o rádio,
em tempos de tamanha globalização.
Apaguei-me do mundo.
Reinventei-me no passado
que nunca me pertenceu.)
O suco de deliciosos damascos
sobem em minha boca,
passeiam por ela
e invadem o cárcere em que habito.
Escrevo pois estou só.
Escrevo para fugir
da realidade (mais) palpável.
Escrevo para não olhar
nos olhos de quem me cerca.
Acostumei assim;
sinto-me inteira no autismo.
Agora os entendo...

Conto sobre quem morreu de amor

Tão crente de física quântica, ela fazia amor contigo todas as noites. Te amava em pensamento. Vocês se amavam mutua e selvagemente em outra dimensão. Em outra realidade, vocês eram apenas um. Certa noite, ela te encontrou (em pensamento) e te amou loucamente, como de costume. Gritos foram contidos. O coração pulsou e bombeou sangue para o resto do corpo freneticamente. O ápice chegou. Depois disto, o lençol pousou sobre seu corpo nu, e só, na cama. Ela adormeceu profundamente. Foi então que uma pequenina aranha marrom a picou, na nuca. O dia amanheceu e ela permaneceu dormindo. Viveria, finalmente, ao lado seu. Nessa dimensão, morrera só, porém em paz.