Ele entrou no ônibus e sentou. Arrumou os bancos. Sabia que
as próximas oito horas seriam demasiadamente cansativas. Conformou-se. Colocou os
fones de ouvido e permitiu que o jazz o invadisse. Ele aprendera o conceito de “feio”
e havia muita gente que se encaixava dentro dele, ao seu redor. Recordou-se dos
amores. Lembrou que havia presenteado um deles com um CD (composto por uma
música que ele fez para ela, de aniversário). Então pensou na possibilidade de
o ônibus dançar na pista e explodir. Ele morreria. Assim, ele escreveu poesia,
para eternizar seu amor, seu pensar, seu desgosto. O odor fétido de fruta
estragada o enjoava. Só não mais do que a vida que levava. Chorou pelos
desamores. Quis um cigarro. Um vinho. Quis algo que o matasse mais depressa. Suas
anotações caíram no chão. A lua surgiu. Ele adormeceu, por fim.
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