quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Sobre o silêncio, em uma noite que chora

Porque é o silêncio que compõe os seres. O som do nascimento é o choro. O da morte é pausa. A pausa da vida, da dor, do amor e dos sons (e a própria vida é uma constante morte). É no silêncio que o homem se encontra, se perde, se desespera e se aconchega. É no silêncio que se é. No ser a dois, melhor do que se perder em paixões e apegos, prefiro o silêncio Ser. Ser o silêncio da não-identificação com o que nasceu para machucar (os sofrimentos). Desidentifico-me da dor. Não me torno indiferente à ela, só não a sou. Eu silencio. Quer mais pura relação do que esta: a relação onde me permito Ser? Mas, pergunto-me, como o silêncio é suportado (nos sentidos de ser dado suporte e de tolerar) por outrem? E como você, escasso leitor, suporta os silêncios que te permeiam?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Melancolia

Conformismo que acompanha a solidão. O único alimento: o sal do pranto. O alimento, que da terra vem, não nutre nem desce. Em algum tempo, o corpo: alimento da terra.

Doce como Mel

Jogo teu sofrimento na parede, decidida a congelar meu corpo. Sofro porque tu sofres e eu contribuo com isso. Peço-te perdão com todo o coração e tu me tratas com desdém. Perco a fé na humanidade. Peço perdão pela culpa que gerei e não tive. E me liberto da ilusão doce, que eu acreditava ser um Sonho, mas que me corrompia. E me liberto do peso que me fazia sofrer. Me liberto do teu fantasma. E dos que me sugavam.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Temperos, desejos e segredos

Lá do alto, tocou seu instrumento e cantou para que o outro escutasse seu pranto. Mas, obviamente, sua voz sussurrada não atingiria nem um raio de dez metros. O ar condensou ao sair dos pulmões. Misturaram-se com as nuvens do céu de inverno, com o cigarro e cobriram a lua, um pouco mais. No céu, além de nuvens e lua, haviam as estrelas. Dançaram todas, sincronizadas no ar. Como um sopro sobre uma mesa, contendo punhados ordenados de açúcares, canela em pó e pimentas rosas. Movimento. Vôo. Dança de estrelas. Planetas e pimentas.

Por querer em demasia

De tudo o que me destrói, a falta das palavras é a mais dilacerante. Não me permito escrever sobre você e te sentir nas pontas dos meus dedos. Não me permito esse desânimo. Intolerante. Que se vá tudo (com esse clichê), para nao voltar. O peso, a humilhação. Doações afetivas não se imploram, ao se entregar. Ignore meus carinhos e eu te supero, até o tempo findar.

Desejo

Só quero meu silêncio e minha poesia de volta. Minha misantropia diária. Meus vícios.

Gotas

A chuva vem para relembrar amores, trazer sono e poesia. O frio solitário, acompanhado de pureza e paz, aconchega. Uma gota, uma catarse e uma Gestalt que se fecha. Solitude, carregada de sonhos que alimentam a Ănima.

O caminho reservado à nós

Fui sacana. Sem você saber, uni minha mão à tua e (da forma mais pura) seguimos no caminho que nos foi reservado. Claro que as mãos não foram carnalmente tocadas e o caminho não era feito de paus e pedras. Nunca mais te encontrei. Teus olhos não devoraram mais os meus. Evitei até os monólogos que andavam ocorrendo entre nós. A forma mais pura aconteceu. Vi meu melhor em ti. E, ao te mirar com ternura, me amei um pouco mais.

Minha beleza

Se é o belo que tu buscas, Olha os riscos da minha íris, Os sulcos da minha epiderme. Olha de perto a minha boca. Pereba-me com o toque. Devore-me com os olhos.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Expulso

E depois de suportar tanta dor (por Alguém), resolveu se sufocar em cigarros e cervejas artesanais. Bebeu cada gole do amor que ficara omitido na ponta da língua. Tragou as últimas partículas do perfume alheio impregnado na manta. E, antes de adormecer, jorrou pela boca todas as impurezas que matavam. E, com o jorro abrupto que veio do estômago, criou forças e expeliu ao Alguém um "vai em busca da tua felicidade..."

Repele

Para ela, Ele mandava flores, escrevia cartas e dizia palavras bonitas. Para você, ondas de vocativos doces. Então, você apressou o tempo, por medo, e ele se cansou. Quanto a ela, ele ainda a ama... E como o faz.

Soltas

E é por tua essência que, apesar dos teus pesares, a verdade não pesa. - - E tu, rapaz belo, assaz capaz de fazer medrar vivaz a rosa da paz no peito... - - Ai desse corpo, que tanto doi, se resolver se Derramar em sangue e apodrecer antes do tempo.

E veio

E seu único prazer, naquela relação, era deixa-lá com a última palavra. No fundo, ele sabia que a última palavra era dele, pois a derradeira estava contida no seu silêncio.

Samba do choro

O caminhante segue seu caminho. Ele é contra e seu caminho é tempo.Unidos são samba. Samba de tropeços, Movimentos, Desacertos, Desencontros e Descontentamentos. Samba de duas mãos. Vai e vem. E em uma das idas, um cruzamento. Um encontro. Um reinvento. Um recomeço. Um novo samba. (por Um segundo.)

Me descompassa

Pouco sei falar, ou escrever, se não de desamor. A dor permanece cá em peito meu. Insisto na ideia de viver, e ser. Por quase um segundo, sou. Depois caio em desatinos e prantos efêmeros, de quem se perde querendo alcançar o próprio amor. O vento é frio. O desencontro fere. O Amor medra em meio as ervas daninhas. E estas o sufocam. O sofrer pelo teu pesar se faz presente: "como pode alguém recusar o teu amor? Justo o teu...".

Carry you home / you belong to me

Vou te carregar pra casa E cravar minhas unhas nas tuas costas. Ouvir teus gritos de desejo e dor. Misturar teu sangue, meu gozo e tua boca. Quero estar sob o teu corpo Para olhar dentro dos teus olhos, Enquanto penetro em você. E quero que teus lábios lambuzados digam "eu te Amo", como quem implora sedento pelo prazer. Minhas mãos nos teus seios quentes, Tua língua faminta em mim. Meus dentes rasgam tua carne Porque eu sei que teu coração e teu corpo... Vou te carregar pra casa E cravar minhas unhas nas tuas costas. Ouvir teus gritos de desejo e dor. Misturar teu sangue, meu gozo e tua boca. Rasgar tua carne com meus dentes Porque eu sei que teu coração e teu corpo... Me pertencem. Você é toda minha. E eu sou todo teu.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Aos impulsos

Não entendo meias palavras, ou a falta delas. Tampouco as mudanças repentinas, de um corpo estranho. Sei que o caminho é torto, mas é na tortura que vou me encontrar. Enquanto não tenho espaço para ser ao seu lado, me afasto. Distancio-me para que seu tempo venha, para que a tortura seja bem vinda e para que a saudade bata. E o Depois?... Porventura nem exista.

Sobre o frio


Deus não tem Do. Um dia frio e um Sol diminuto. Dou marcha Ré para voltar ao verão. Mi Faz falta um calor. Lá de onde eu vim, Si faz frio a gente esquenta. Inventamos um Sol maior de calor humano...

terça-feira, 7 de maio de 2013

vergonha

Cruzou o meu caminho. nos cruzamos. em demasia, diferente tu és. condeno-me por assim ter feito. nunca foi tão pobre para a minha alma. agora agonizo a tua ida. Antes de nada, sei que te perdi - nunca te tive. Caminhamos em paralelo, portanto, com o portão entre nos. meu caminho foi para a direita e o teu seguiu em frente.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

May


Digo com poucas palavras. Significados poucos. Até a colher que deforma a tua boca e o barulho que esta faz ao mastigar o alimento me encantam. Tenho receio de ser o indesejado ao lado teu. Então, eu te liberto dessa possibilidade. Amar-te-ei, pois, em segredo, em silêncio, até que meu coração se aconchegue outra vez. 

segunda-feira, 29 de abril de 2013

sábado, 27 de abril de 2013

domingo, 21 de abril de 2013

Corresponder


- O que queres em troca do teu carinho e cuidado para comigo?

(Quero tuas pernas enroscadas nas minhas, em noites ardidas em frio. Quero tua alegria sendo com meu pranto e tua tristeza pesando com o meu contentamento. Desejo tu, teu corpo nu e tuas futuras crias – nossas. Se deveras posso pedir algo em troca, peço que a alma tua seja com a minha. Peço teu amor.)

- Posso pedir qualquer coisa mesmo? Hm... Pensarei...

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Em cada golpe da confusão de meu bulbo, uma dor mutilante que pesa com a consciência, com a solidão gélida. 
Desigual.

Rugas

Falta de exacerbar o sentimento. Das complicações doentias. Da dor de tanto sentir. Sadismo de um segundo.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

sol


Meus olhos se encontram tanto na beleza dos teus que, quando se cruzam, perco o controle e me desconecto por alguns instantes. Divago pra dentro de você e até da vontade de te tocar por um segundo, ou minuto. Desvarios... 

em ti


Tem alguma coisa além dos teus pelos. Deve ser a dor omitida no fundo das tuas pupilas. Ela, que casa com a minha.

domingo, 14 de abril de 2013

Café


E aquele cativeiro serviu até a luz findar, o sol cair, a noite chegar, a dor partir. Por que tu somes tanto?

sábado, 13 de abril de 2013

barba

A perna treme por ti - não por frio. O olhar, tão profundo e misterioso, explode em luz ao te cruzar. Ilusão oriunda dos toques ébrios e cautelosos: doce. E o que teu silêncio me diz? “Salve-me”. O meu ainda assume um “te amo”.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

o que acompanha


No fundo é a solidão que permeia. A paixão que acaba. A droga que aconchega. A beleza que se esvai...

domingo, 7 de abril de 2013

om


A solidão pega quando a noite vem. Quando a brasa do cigarro queima perdida no asfalto. Quando a fumaça se dispersa no ar. Aí, além do Tudo, sou Nada.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

suehtam

Esse cheiro de velho. Tão velho como essa estória. A coragem que me falta. E o piano que insiste e suplica aos dedos que criem mais músicas pra ti.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Noite

Aquele mundão de antigamente me parece tão pequeno agora.
E tudo o que, hoje, me é grande, será oco... certamente.
E que seja.
Oco e doce.

segunda-feira, 18 de março de 2013

O que escorre

Matei um pedaço de mim. Por ti, não por mim – e isso dói em dobro. Acabei com um pedaço de nós. Meu sangue tropeçou nas veias. Saltou no pescoço. Saiu do controle. Fugiu de mim. Matei um pedaço em mim...

Dores dos seus amores


E, de repente, as suas palavras – ainda febrias – transbordam doçura. Justo você, que outrora irradiava amargura. Ainda me inspiro em ti. Não como antes, ardida em paixão... Agora só resta aquilo que nada espera em troca.  

terça-feira, 12 de março de 2013

Nossas conversas


A verdade é que você é sua frieza, seu pranto, seu temer, sua vontade contida de amar reciprocamente. A verdade é que você é as suas mentiras, sua solidão e seus excessivos mistérios. Só porque você guarda sigilosamente seus segredos, não quer dizer que não existe a verdade. Essa é uma das suas verdades. As outras, que habitam o seu âmago, talvez nem você as conheça...

domingo, 10 de março de 2013

Ao onze de março


Prefiro as paixões efêmeras e supérfluas, que vêm por desejo inócuo e se desprendem logo. (Anseio dos corpos sobre as canções que hoje os unem e amanhã os afastam). Antes estes quereres, do que as paixões dilacerantes. Antes o encontro puro, ano ou outro, do que o incômodo frequente. 

sábado, 9 de março de 2013

Eu, objeto teu


Pode sair. Trair.Correr. Tentar fugir. Voltar pra casa. Sempre estarei aqui. Braços abertos. Coração partido. Esperançoso, crente no amor. Ferido na decepção. Preso pelo medo. Enfeitiçado pela paixão. Sofrido pelo contentamento que não vem. Tantos, já feitos, desvarios... 

O limite entre o amor e o medo


Li, uma vez, que o oposto do amor não é o ódio. Amor e ódio andam juntos. O oposto do amor é o medo. O medo aprisiona e faz sofrer, enquanto o amor liberta.

O amor é livre e é a base de tudo. E, por ser a base, ele independe das coisas. Ele é essência. Ele é.

O relacionamento é puro quando há a cumplicidade e a serenidade oriundas do amor transparente.

A paixão é o desejo. O querer estar perto. O sonhar acordado. O tesão. É a mistura dos desejos carnais, do ego.

A paixão, e suas composições, pode ser (e desconheço quando não é) acompanhada/ seguida de possessão.

A posse. O querer ter. O precisar. A carência. A dependência do outro para ser feliz. O medo de perder . O ciúme. O sofrimento.

O limite entre o amor e o medo deve ser percebido com discernimento.  Saber escolher o melhor:  Desejo ou plenitude? Sofrimento ou contentamento? Prisão ou libertação? Apego ou amor maior?
Encontrar o equilíbrio entre o amor, a entrega e a autossuficiência, se desprendendo do apego, é o limite entre o amor e o medo.

quarta-feira, 6 de março de 2013

cópias


[01:02:41] tenho um caso de amor e ódio por você
sabe por que eu odeio ?
[01:05:20] porque eu não quero ninguém, me sinto assexuada
[01:05:37] mas é só pensar em você que dá vontade de criar um teletransporte só pra te ver fritar cebolas.

segunda-feira, 4 de março de 2013

-


Se não fosse tanto amor, tanta entrega, tanto querer. Ah, se não fosse o reencontro, o renascer, o esquecimento. Se não fossem tantos “se’s”... Ilusão. Nem assim a gente seria.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

VentilaDor


As lágrimas roliças teimam em rolar pela face. Pouco sinto, nada sei. Poucos, ao meu lado, estão. Se é que são. As águas teimam. Rolam. Caem. Sós. 

Em homenagem ao Sim



Agora a gente se pertence sem se ter. Sem se ver. Sem se ser. Agora somos nós, mesmo sendo eu e sendo você. Somos perdidos em terras de ninguém (Muito prazer – somos amor.). Somos o que há por vir, por ficar, por inexistir.  Somos as canções que nos separam, as que nos unem e as que desconhecemos.  As poesias infiéis e distintas que se completam. Agora somos um matrimônio invisível aos olhos (aos alheios e,principalmente, aos nossos). Somos as ilusões doces e amargas que compõem o que somos. Somos os sonhos. Somos a “inespera”.  Somos a estrada (a distância). Somos nós, que ainda não nos encontramos. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Hotel


Crio-te (perto de mim) mesmo quando você não existe. Não canso de te olhar. Menina dos olhos. Dos olhos míopes. Míopes e escuros. Cor de montanha. Minha menina. Amo-te inventada. Como você em mim.

-

somos o que sentimos, o que sabemos. conta o que somos.

/o indizível visível aos olhos.

Ao dez de março

Com açúcar, com afeto, hoje “a lua” saiu procurando você, com seu terno mais bonito.

[ Intertextualizações, de Chico no toca discos, causadas pela lua que surgiu no céu do meu quarto. Até as nuvens densas e ligeiras, vermelhas de amor, (que encobrem o redondo brilhante), estão belas por aqui.]

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Caracóis teus


As velhas faces reconhecidas por tantos anos não despertam sequer inócuo desejo.  Tampouco as novas que passam ligeiras. Mas basta o antigo amor surgir, que todas as poesias voltam à boca (que fica seca, que se cala, que sorri tímida, que esquece o quanto já expulsou a dor).

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Identidade

Queria o suor alheio em suas mãos, seus dedos enroscados nas madeixas secas, sua pele sob o toque cauteloso e seu corpo envolto pelo abraço. Não sei se por carência, ou por amor, resolveu entregar-se aos segundos ébrios e efêmeros que embarcaram no primeiro vento. 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Teu, também

A chuva caiu. Justo ela, tão linda, e eu não percebi. Só tive olhos pra você e ouvidos para as suas canções. Agora desejo olhares trocados em cumplicidade. Cansei de olhar para as mesmas costas – as suas.

Teu, não


Volto para ver-te de longe. Analisar teu sorriso assimétrico. Para sentir o frio e desejar-te sob o meu corpo. Volto para escrever-te poemas jamais entregues. Para sofrer por uma pequena distância inexistente. Para sentir-me viva e capaz de renascer. 

Eu só


Peço a proteção para viver na paz de quem se encontra para tomar um chá das seis. 

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Teu


Apertos suaves entrelaçados para uma noite de surpresas. A paz do teu abraço, do teu corpo rente ao meu, para que eu adormeça com um sorriso armado no rosto. Dores para que a vida seja percebida e os sonhos desejados ainda mais. 

suclit

consumo a carne certa com gosto de prazer,
quero acabar com a fome nascida e crescida
em berço de ninguém. / engasgar-me em gozo./
rasgar-me na carne certa, amanhecida em prazer.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ao adormecer: duas perspectivas.



A alma precisa voltar ao seu lugar. Então sai do corpo. Divaga por espaços e realidades paralelas. Conhece mundos que vão além da barreira material. Conecta-se com outras almas. Alimenta-se. Renova-se. E, na velocidade da luz, volta ao cárcere do corpo.
Preciso dormir. Fecho os olhos e fico inconsciente. Sonho com vários lugares e pessoas. Descanso. Um susto forte e acordo.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Coletânea dos poemas boêmios: bic azul sobre guardanapo. (OU) Aquilo que se deve guardar



 1. Meu guardanapo guarda traço, guarda trago, desejo, histórias, palavras, confusões, menos “napo”, que desconheço (deve ser saliva vazada).

2. Deixa eu te matar, cá dentro de mim. Com todos os beijos e lembranças que me levaram às nuvens em instantes passados. Que hoje seja o último pesar, o último desejar. Tua última gota de esperança.  A última música. Última poesia. Último romance. Último olhar. Derradeira relação passageira.

3. Promessas vãs. Esperas vãs. Deduções vãs. Juras em vão. E que sinta a falta do que não teve. Sinta a sobra da vila. A carência do meu amor doce que você negou.

4. De que importa teu sorriso, tua beleza e teu desejo passado? Já não me queres. Não me importo. Solto vãs palavras (frente à um fundo verde e só). De todas que te desejam, quantas se oferecem? E qual das ofertas servem pra tua’lma ferida? Perceberás quando eu não mais me importar, de vez.

5. Quando a doação é maior que a oferta (e quando ela não é pura) há o pesar. Um adeus aos cabelos e às costeletas. Adeus ao teu sorriso belo e penoso. Adeus ao ombro ofertado e ignorado da pior forma, em todos os instantes.

6. A solidão pouco me importa. Ela é mais um incômodo alheio e social, do que real. Me encanta a solitude. A autossuficiência. A capacidade de ser, por mim – apenas. Não me perturbo com o fato de estar fisicamente só. Me encanta o fato de estar preenchida “almamente”. Me vicia o doce gosto do amor.

7. Adorno colorido a sangue. Pouco sei se é sangue de dor ou amor, às vezes me parece o mesmo pigmento. O mesmo pesar.

8.O que tu vês além de uma louca rabiscando um guardanapo qualquer, em vez de dançar? -Pobre coitada solitária e descabelada pelo ventilador.

9. E  se quando o efeito passar, eu continuar te querendo  (ou querer mais?) ? Ignoro teu nome e meu desejo por ti. Ignoro o acontecido, por mais singelo significado passado. Bebo a água. Desejo-te. Analiso teu sorriso. Quebro-me em mil pedaços exagerados. Recompor-me? Renascer, talvez.
(Poderia secar meu pranto com o trapo poético).


10. Certas vezes, eu volto com marcas de pés, de amor. Hoje volto rabiscada à caneta. À solidão. À desamor. À álcool. À desilusão. Justo eu.

11. Quebrarei as unhas. As ilusões.

12. Despedida. Quanto menos melancólica, melhor.

13. Tudo vai, tudo volta, tudo vai de volta e nada fica.

14. De que adiantou ignorar-te falsamente? De nada. Nada foi real. Nada se formou. Nada é. Muito menos o nós.

15. Já me conhecem. Meus desastres. Minhas paixões e ilusões. Meu mundo que, em instantes, desmoronou. Me desconserto ao lado teu. Mas transforma-me em poetisa. Te mando à merda porque te quero. Permaneço por te querer. Quero-te por devaneio, por um segundo.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Questionamento

Sobre relacionamentos? Eles existem para o desenvolvimento humano. Seja um relacionamento materialista, ou de ódio, ou de amizade, ou uma relação a dois. Há dias medito sobre essa palavra: relacionamentos. E, agora, me dei conta de que seja qual for a forma de sua manifestação, será sempre uma relação de amor. Relacionamentos, que quem sabe um dia, nos levarão à paz do amor próprio. É isso que buscamos na vida. Nos relacionamos para encontrarmos e sentirmos a serenidade oriunda do amor.

Gratidão aos momentos


Me perguntaram se era uma carta de amor, respondi: "não deixa de ser.. uma carta de amor próprio. De gratidão."

E se me encontro só, nesse balcão, grata estou. Grata ao contentamento autossuficiente que me invade. Grata à vibração da música que pouco entendo. Grata aos nãos recebidos, aos amores esvaídos, às doses dobradas do dia. Estou absorvida por situações aceitas, músicas tocadas, amores passados desprendidos, doenças não curadas, amizades superficiais, conversas inacabadas, letras mal escritas (escarradas, eu diria). 
Soltar fogos de artifício, portanto, para comemorar a vida que se esvai. À vida doce resumida no agora.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Ana e o vendaval


Eu abro mão de ti e dela. Abro mão dos dois que embalam meus dias com tão doces vozes. Abro mão da ilusão e do sofrimento vão, bem como o amargo amor. Abro mão para que voem, e voltem – se forem pra ser. 

Ato, o último


Senti a paixão me defenestrando no instante em que (mesmo permanecendo imóvel, inexpressiva e vegetativa) as gotas amarguradas brotaram do olhos. Envolvida, apenas, por lembranças longínquas e por um pedido de perdão. Pedido em vão, perdido. Perdido em cada lágrima caída maquinalmente. Em cada letra e lembrança. Em cada rasgo no miocárdio, causado por dedos de um menino. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Para a Ana L.


Ela queria abraçar o mundo, sem saber que o universo todinho estava dentro dela. Queria agarrar o palpável, com suas mãos, e não havia percebido (até aquele instante) que ela era muito mais que um pedaço de carne solto sob um pedaço de terra... Num espaço qualquer. 

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Sobre uma Ironia


Você se desconcentra com os assovios que eu faço para encobrir os muxoxos nojentos que você faz.

Gorfo existencial


Preciso gravar o que andei pensando, nos últimos dias. Quando penso nos dias distantes, que estão por vir, visualizo as coisas diferentes de como elas deveras são hoje. Aí então me dei conta de que se eu quiser que tudo seja diferente no “futuro”, eu devo ser a diferença no agora. Esperar que um dia as coisas se resolvam é uma vã filosofia. A mudança é real se for no instante presente e se for de coração. Este é o único garantido.
E qual é a “grande questão”? Autossuficiência. Ser por si só, sem depender de coisas finitas para estar em paz.

Sobre a paixão

A paixão é quando encontro alguém bonito e atraente, que me faz imaginar um futuro feliz e perfeito em sua companhia. Aí desejo tanto esse futuro, e desejo tanto esse ser, que me entrego à quem pouco conheço. Se um mísero detalhe não se concretiza, sofro. O problema está na paixão, que me cega, ou na entrega insustentável?
Em que consiste a liberdade? A autossuficiência? Conheço, me entrego. Me dedico, imagino e espero. O desejo só à mim. Medo de perder. Me aprisiono. Medo de perder ele, ou medo de me perder? Se eu me reflito no outro, e tenho medo de perder o outro, tenho medo de me perder?
Me apaixono demais por como Eu seria no futuro, ao lado do ser em questão. Desejo demais SER como eu me vejo, por isso desejo demais o indivíduo. Ciúmes e medo de perder quem eu seria / sou ao lado de. Isso se reflete no medo de perder o indivíduo. A autossuficiência é a questão. Ser feliz, independente de quem me cerca.
Se me apaixono e sofro, é por medo de perder a chance de ser feliz. Mas tudo parte de dentro. Tudo acontece no agora. Inclusive a escolha de apenas Ser.