sábado, 2 de fevereiro de 2013

Coletânea dos poemas boêmios: bic azul sobre guardanapo. (OU) Aquilo que se deve guardar



 1. Meu guardanapo guarda traço, guarda trago, desejo, histórias, palavras, confusões, menos “napo”, que desconheço (deve ser saliva vazada).

2. Deixa eu te matar, cá dentro de mim. Com todos os beijos e lembranças que me levaram às nuvens em instantes passados. Que hoje seja o último pesar, o último desejar. Tua última gota de esperança.  A última música. Última poesia. Último romance. Último olhar. Derradeira relação passageira.

3. Promessas vãs. Esperas vãs. Deduções vãs. Juras em vão. E que sinta a falta do que não teve. Sinta a sobra da vila. A carência do meu amor doce que você negou.

4. De que importa teu sorriso, tua beleza e teu desejo passado? Já não me queres. Não me importo. Solto vãs palavras (frente à um fundo verde e só). De todas que te desejam, quantas se oferecem? E qual das ofertas servem pra tua’lma ferida? Perceberás quando eu não mais me importar, de vez.

5. Quando a doação é maior que a oferta (e quando ela não é pura) há o pesar. Um adeus aos cabelos e às costeletas. Adeus ao teu sorriso belo e penoso. Adeus ao ombro ofertado e ignorado da pior forma, em todos os instantes.

6. A solidão pouco me importa. Ela é mais um incômodo alheio e social, do que real. Me encanta a solitude. A autossuficiência. A capacidade de ser, por mim – apenas. Não me perturbo com o fato de estar fisicamente só. Me encanta o fato de estar preenchida “almamente”. Me vicia o doce gosto do amor.

7. Adorno colorido a sangue. Pouco sei se é sangue de dor ou amor, às vezes me parece o mesmo pigmento. O mesmo pesar.

8.O que tu vês além de uma louca rabiscando um guardanapo qualquer, em vez de dançar? -Pobre coitada solitária e descabelada pelo ventilador.

9. E  se quando o efeito passar, eu continuar te querendo  (ou querer mais?) ? Ignoro teu nome e meu desejo por ti. Ignoro o acontecido, por mais singelo significado passado. Bebo a água. Desejo-te. Analiso teu sorriso. Quebro-me em mil pedaços exagerados. Recompor-me? Renascer, talvez.
(Poderia secar meu pranto com o trapo poético).


10. Certas vezes, eu volto com marcas de pés, de amor. Hoje volto rabiscada à caneta. À solidão. À desamor. À álcool. À desilusão. Justo eu.

11. Quebrarei as unhas. As ilusões.

12. Despedida. Quanto menos melancólica, melhor.

13. Tudo vai, tudo volta, tudo vai de volta e nada fica.

14. De que adiantou ignorar-te falsamente? De nada. Nada foi real. Nada se formou. Nada é. Muito menos o nós.

15. Já me conhecem. Meus desastres. Minhas paixões e ilusões. Meu mundo que, em instantes, desmoronou. Me desconserto ao lado teu. Mas transforma-me em poetisa. Te mando à merda porque te quero. Permaneço por te querer. Quero-te por devaneio, por um segundo.

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