sábado, 30 de junho de 2012

Arrependido

Dilacera a carne
tremendo consumismo,
vagabundo,
nada discernido.
Que nojo.
Infindo.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Os olhos teus


Meu sofrer foi tão menor
quando teus olhos tímidos pousaram nos meus.
Eles são tão belos...
E emanam uma mentira tão doce e verdadeira.
Teu olhar é tão singelo, tão sincero, tão falso.
Deveras me encantam essas jabuticabas
que passeiam em tua face plena.
Eu poderia me alimentar
da luz que tu deixas escapar por elas.


quarta-feira, 27 de junho de 2012

O que também deveria ficar guardado


Parei um instante e me olhei no espelho. Tic tac, tic tac (ou seria apenas tic, tic, tic, tic.?). Estava tão séria, porém tão bela. Reta, nua, simples, bela. Contudo, tão séria... e bela. Imaginei nossa união, e meu sorriso singelo surgiu em minha face. Foi quando te vi surgir ao meu lado, no espelho, num sonho acordada. Que se dane os sonhos. Que se dane os outros. Que se vá tudo o que não for o amor.

Encontro


A Flor é tão Bela, porém tão triste. Tão perdida e dualista. Deseja tanto o amor, mas o Espanca com tamanho lamento. Pequena Flor, tão nova e tão velha. Tão morta e cheia de vida. Cheia de rancor, ou seria o amor encubado? Sou tão você, Bela. Lamento tanto esse amor que dou e não volta. E essa minha idade velha nesse corpo tão feio e tão novo. Tudo é tanto, é intenso. Derramo pequenas gotas de dor, como tu. E minha morte lenta, diária, se faz presente em cada instante, em vida.





Dedico à ti, D.A., que me possibilitou esse encontro.

O que não se deve mostrar


Se quando eu te conheci,
estava ocupada demais pensando no outro,
que nem por devaneio notei tua presença,
como posso agora chorar
por ver teus braços protegendo outros seios?
Se quando tu estavas ao meu lado,
eu estava distante,
como posso lamentar
por não ter te olhado antes?
Se outrora desejei-te,
sem saber,
como posso me culpar
por não ter estado ao teu lado,
quando tu estavas do meu?

Intenso


O ovo e a galinha. Meu coração, aqui dentro, bate. Sinto ele. Sinto náusea. Vejo tua foto na parede. Sinto saudade. Sinto frio. Quanta ansiedade. Quanta ilusão. Sumir. Voltar. Ficar. Nem fui. O chuveiro está pingando. Os carros na rua correm. A noite chega. A lâmpada me cega. Um carro acelera. O pingo do chuveiro continua a cair. A porta do carro bate e o alarme é ligado. Pingo. Um pingo de recordação surgiu. Tudo se foi. Os passos no meu teto são intensos. Passaram agora, também. Tudo passou. Cadê você?

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Bonita!


Ah, meu bem querer.
Quero-te com repulsa,
com medo e paixão.
Quero-te distante,
alguns centímetros bastam.
Desejo o silêncio
para eu poder ouvir
sua pulsação
e sentir o vento expulsado
dos teus pulmões.
Dispenso tudo,
até o tempo,
mas, querido,
a ti desejo.

Presente


Deixa minha vida
cruzar no teu caminho,
permita que meus dedos
se entrelacem aos teus.
Que tu sejas em mim
como uma gota oceânica,
e que eu esteja em ti
como o sol de outono.
Dance comigo,
deixe nossos corpos dançarem
no silêncio,
com o pulsar do peito.
Permita-se ser em mim,
e eu em ti.
Permita-nos.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sem querer


Eu pensei "que amor, um casal abraçado"
doce ilusão
pureza do meu coração
rima sem noção
não gostei não.

Love is...

Beethoven


Ah, piano,
não quero dar adeus à ti.
Toco essa canção tão lamentosa
e exito em terminar.
“Adeus ao piano”.
E, se quando eu terminar,
tudo acabar ?
Pois que a música não pare,
que o lamento floresça,
que águas brotem dos olhos,
que o pranto cale
e haja apenas o silêncio da música.
Que tudo acabe,
mas que a música permaneça.
E que, se me forçado for dar o adeus ao piano,
eu dê, também,
àDeus a vida.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Com meu vestido aberto


Agora, então,
minhas costas se transformaram em céu,
bordado com estrelas.
Nasceram assim, repletas de pintas,
como as do meu irmão.
E eu que outrora
ignorava tamanho acontecimento,
percebi, hoje, que nasci toda pintada,
como um quadro,
como um céu limpo,
com estrelas cintilantes.
Olha, quanta beleza!



Foto: Com meu vestido aberto

Agora, então,
minhas costas se transformaram em céu, 
bordado com estrelas.
Nasceram assim, repletas de pintas,
como as do meu irmão.
E eu que outrora
ignorava tamanho acontecimento,
percebi, hoje, que nasci toda pintada,
como um quadro,
como um céu limpo, 
com estrelas cintilantes.
Olha, quanta beleza!

terça-feira, 19 de junho de 2012

Face


Queria cuspir em palavras
todo meu desejo por tua mão.
Desejo-te e te apago,
chamo-te e te silencio.
Jurei ao meu próprio ser
que nunca pensaria em ti.
Mas, que culpa tenho,
se tua face é mais traiçoeira do que pensei?

Breve


Às vezes perco a hora,
outras perco a inspiração,
minhas coisas somem,
minhas paixões voam.
Às vezes perco o sono,
e as esperanças,
e então a primeira aula da manhã.
Mas ainda que eu perca o dia,
de consolo me vem a noite,
para eu perder mais tempo
pensando nos instantes que já perdi.
Perdi mais um minuto,
e outro segundo.
Daqui a pouco perco o juízo,
e só me sobrará a loucura.




segunda-feira, 18 de junho de 2012

Que Linda


Já não sei mais
se sou bonito aos olhos teus,
ou se são teus olhos azuis que me encantam.
Já não sei se nossos olhos
que nos enganam,
ou se nossa solidão é delicada
quando se encontram no instante do agora.
Ah, já não sei mais nada.
Nem quero saber.
Se minhas cores estão de volta,
preenchendo meu coração,
de que me importa se os olhos são teus,
ou meus,
ou se é o instante em que eles se cruzam?

domingo, 17 de junho de 2012

Desmanchar


Ah, minhas pernas não me aguentam mais.
Sinto medo e um tremendo lamento.
Tudo passa, acabou.
Passa correndo ligeiro,
e minhas pernas doem.
Sinto-me renascer, como fênix.
Como um bicho que surge lento e quieto, em meio as cinzas.
Broto aos poucos... um cisne.
Um cisne branco que corre e cai para a eternidade..
divino e silencioso,
sem mais pesares.
Toda a dor da morte fora embora.
Um derradeiro bonito suspiro,
e só.




Música e Ballet de inspiração

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Não há o errado, nunca houve



Essa realidade fria é mutante,
cansei dos lamentos,
mesmo sendo instigante.
Cansei do verso branco,
e do verso livre,
mas só nesse momento, para ser franco.
Sempre te quis ao meu lado,
e quis um bocado,
mas fiz tudo isso,
a fim de te dar um agrado.
Não que fosse muita coisa,
mas era o que me restava,
no âmago de meu ser,
um broto de amor brotava.
Agora não tenho mais você, meu bem.
Não sofro mais por não sonhar,
por não pensar,
por não ter você em minha mente, quando eu acordar.
Não sofro por desamor.
O que me dói agora,
é não ter mais o sopro de encanto que outrora
não me deixava dormir.
Não lamento mais por você, minha paixão,
pois aceitei teu não.
Mas ainda quero de volta
a minha inspiração.

Haicai do Pranto da Bailarina

Fere o coração
Esquecer as sapatilhas,
sem pontas, num canto



Foto: Haicai do Pranto da Bailarina 

Fere o coração 
Esquecer as sapatilhas,
sem pontas, num canto.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Kalanchoe Dubbel


Sim, quis ser tua novamente.
Quis estar em teus braços
e, até agora, a sede de dizer que te amo está em minha boca.
Mas não posso olhar nos olhos teus,
e lembrar de como éramos felizes no eterno lamento.
Se outrora acreditei no teu esquecimento de minha existência,
hoje desmorona em mim a fria realidade.
Perdi-te novamente.
Vi teu tremer ao tocar o violão jamais encostado antes,
e teu anel de côco, igual ao meu, pendurado no seu dedo de casar.
Senti tua flor,
e teu amor jamais desbotado.
Quis enxugar teu penar, mas o meu desespero o superou.
Desejei tantas coisas.
Esperei pela coragem de dizer que tua ausência é a causa da minha atual doença, mas ela não veio.
Ah, se eu pudesse dizer que não te amo mais,
e que tu não deverias me amar, pois não sou mais a mesma.
Agora me resta o peso da omissão dos meus motivos, por não estar ao lado teu.
E o sobrepeso por saber que nunca os declararei.
Meu sofrer era tão belo, porém tão triste...
porém tão puro, tão certo.
E era tanto... que de tudo, foi o que mais restou em mim.
Era tanto, que só me restou o medo.
Deveríamos ter sido felizes, rezei tanto por isso.
Deveríamos ter Sido juntos.
Porém não Fui contigo.
Queria te querer, mas cansei de ter minha face ardida pelo sal de minhas águas.
Penso em ti todos os dias,
mas se penso em estar contigo, o lamento me invade.
Já não sei mais, se o desquerer é por medo,
ou pela certeza de que perdi novamente,
meu pequeno,
puro
e real amor.

domingo, 10 de junho de 2012

Como a Chuva Perdida Que Cai em Manhãs Frias


Hoje acordei depois da hora,
sonâmbula acordada,
pude alegrar-me ao
lembrar da sua vinda.
“pelo menos você não lembrou do bendito”, falaram para mim.
Deveras,
hoje foi a primeira
manhã que ele
não aparecera em minha mente.
Lembrei-me, contudo,
que noite passada,
segundos antes de adormecer,
senti-me envolvida em
seus braços, com teu cabelo
enrolado ao meu.
Posso não ter lembrado
de meu bem hoje,
pela manhã,
mas fora apenas
um momento de devaneio.


sexta-feira, 8 de junho de 2012

As coisas caem


Cedo ou tarde, tu sabes bem,
hoje ou amanhã
ontem ou depois.
Recordo que pensei
em ti, em todos esses momentos,
inclusive no instante
possuidor da incerteza.
O instante incerto que,
rindo ou não, há de vir.
Teimo em
insistir no amor,
obscuro e fosco,
noturno que tenho.
Tenho a incerteza
esdrúxula e efêmera
monstruosa.
A incerteza certa, que
surgiu quando te vi pela primeira vez.
Temo em falhar na memória
e, ainda assim, digo.
A certeza que surgiu, é que te
a
m
o
demais
e é isso
meu querido
a
i
sol.  

domingo, 3 de junho de 2012

Para o menino meu


Existirá um dia em que não declararei minha saudade,
em que não desejarei teu nome e tuas dores.
Amar-te-ei em silêncio, no teu conhecimento obscuro,
mas só enquanto tua cama pequena abrigar teu corpo só.
Escrever-te-ei tantos outros poemas, como o costume,
esquecendo que outrora lamentei teu desquerer,
e lamentei por ter o desejo de acariciar-te na pele, durante uma noite eterna de descanso teu.
E se hoje tens medo do meu cuidado,
e se, com tudo o que eu digo,
tu me comparas às outras,
amanhã comparar-te-ei
aos amores bonitos e sofridos que no meu passado deixei,
mesmo amando-te profundamente,
na escuridão que existirá entre nós.