A paixão me enlouquece, bem como a solidão. Nessa luta de
opostos, procuro o equilíbrio. Se o encontro, desejo a loucura da confusão. Ando
no meio da rua, sob a chuva. De um lado, a bolsa suspensa. Do outro, um copo
pequeno e plástico de café frio. Ando maquinalmente. Os carros passam. A vida
também. Permaneço cá, entre pessoas, formas, cores e sons, com minha eterna e
doce solidão.
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
(f)Céu
Beijo-te na boca.
A tua é tão doce.
Mistura de chocolate derretido,
Comida do almoço,
Café e drogas.
Horrendo, porém viciante.
Tanto como o cigarro
Que acabaste de tragar.
Até o filtro.
Até o talo.
Até o fundo.
É onde eu quero estar.
Quero entrar em ti...
Ficar tão impregnado,
Como o cheiro do
Cigarro que acabaste de fumar.
Até o fim.
Sonoro
Teu samba não me agrada mais.
Justo a mim que, outrora,
Lamentava a solidão.
Se, antes, o silencia me ensurdecia,
Agora quero uma
Música repleta de pausas.
Vou me recolher.
Fique com seu pandeiro
Que eu me vou
Com a Asa Branca.
sábado, 15 de setembro de 2012
Conto sobre um equívoco
- Perdoe a minha insensatez, ela sequer é real. Perdoe as
palavras bonitas, elas são apenas poesia. Perdoe se a tua beleza me inspirou,
tampouco a desejo mais. Privilégios acontecem quando não esperamos. Perdoe-me por seguir meus instintos artísticos
e, porventura, ter atingido suas fraquezas. Nem estas eu cheguei a conhecer...
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
Conto sobre uma pessoa apaixonada
Ele bem que gostaria
de te dizer tudo o que pensa. Passa o dia te querendo e acreditando que “está
tudo sob controle”, crendo não te desejar mais. Em todos os momentos, pensa em te escrever, em
te contar algo banal – só para puxar assunto, em te convidar para um jantar, em
uma rosa que possa ser colocada entre seus cabelos. Pensa em palavras que,
combinadas, podem se tornar a poesia declarada ao telefone, para você
despertar. Ele tem uma foto sua na carteira. Ele pensa em casamento. Pensa em
você o tempo todo. Aí lembra que você já achou um outro alguém para pensar, e,
então, pensa na possibilidade de não pensar mais em você. Mas logo se perde,
novamente, lembrando-se de como o seu olhar o encanta em demasiado.
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
September
Teu dia ainda não acabou.
Tempo, passa tão lento
Quando há o desejo de te encontrar.
No teu olhar nada vejo.
Se, outrora, emanava pureza
e vontade contida, hoje se acabou.
Gostava dos teus olhos desviando os meus,
Mas logo voltando e se prendendo em mim novamente.
Meu futuro alternativo,
Impossível de ser mudado (ou controlado),
Está carente de esperas.
Desejaria, sim!, Ser ao lado teu,
Mas nada posso fazer.
Ao te encontrar, pelo frio dessa manhã, estremeci.
Quis correr, sorrir e então saí dali.
Hoje meus olhos me traíram
E te mostraram quão grande é meu anseio
De estar entre a barba tua.
sábado, 8 de setembro de 2012
Conto sobre um passeio só
Parada 1
Estacionei minha Ceci
na grama desse … “parque”. A deitei no chão e sentei ao seu
lado. Precisamos parar, às vezes, e respirar.
Meninos jogam bola e
gritam para libertar a raiva de um passe errado. Atrás de mim, um
casal de crianças é fotografado no parquinho (a menininha é ruiva,
linda, como eu desejava ser, nesse momento).
Minha perna cruzada (como em “índio”) começou a ficar dormente. As crianças conversam, serenas, o vento contínuo sopra refrescante. Preciso andar.
Precisava ir, mas não
o fiz. Deitei na grama e, graças à isso, percebi a dança das
imensas árvores sob minha cabeça. As crianças passam correndo por
mim e, brincando entre si, pude ouvir umas frases melodiosas que
diziam “Vucê não mi pega, vucê não mi pega”. “Peguei!”.
Resolvi pegar a estrada
também.
Parada 2
Finalmente encontrei o
lugar tão desejado. Deitei logo. Respiro ofegante. Subidas
desgastam. Percebo o céu e as árvores entre os aros da roda da
Ceci. O dia está lindo, perfeito para me encontrar. Vou em busca de
outro canto.
Parada 2 ½
Andei alguns passos e
logo encontrei o lugar que queria. Ainda que haja barulho e
conversas, há silêncio. Cá, dentro de mim, há apenas a música
que vem dos movimentos de meus órgãos vitais. Encontrei-me, por
fim.
Conto sobre um fato ofuscado
Foi como se houvesse o
poder de previsão. Restou apenas o tempo de se aconchegar, como havia
pensado, e inspirar profundamente o ar. Neste instante, a outra sai
do quarto e se encontra com o antigo amor, sentado ao piano. Pega
algo próximo a ele (que não a enxerga), e retorna de onde saiu, com
a mais assustadora expressão de tristeza – nunca vista antes.
Disfarça um sorriso para quem observava a cena (que já havia visto,
antes de deveras acontecer), diz um oi e some.
Agora, já não sabia
se sorria, pela intuição, ou se chorava pela traição.
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Ich vermisse dich, du sollst hier sein
Ich möchte dir sagen, dass ich dich liebe,
aber ich spreche kein deutsch,
und du sprichst kein portugiesich.
Dann wie kannst du verstehen, was ich sage ?
Und wie kann ich das machen? Was willst du gerade wissen?
So oder so ich wollte nur dir sagen
ich liebe dich
ich liebe dich
aber ich spreche kein deutsch,
und du sprichst kein portugiesich.
Dann wie kannst du verstehen, was ich sage ?
Und wie kann ich das machen? Was willst du gerade wissen?
So oder so ich wollte nur dir sagen
ich liebe dich
ich liebe dich
einfach ist das.
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Conto sobre uma noite de insônia
Tive uma insônia essa
noite. Fiquei fritando na cama durante horas. Levantei, fui tocar
violão, voltei pro quarto. Deitei no chão, depois na cama -
novamente. Consegui dormir um pouco, mas a impressão que eu tive foi
a de cochilar e acordar de dez em dez minutos. Se deveras foi assim,
eu não sei. O fato é que a cada cochilada eu sonhava com um pedaço de
um filme. Não era um filme qualquer, contudo. Ele era meu e eu o
criava a cada piscar longo dos meus cílios. Após quatro horas,
despertei. Achei que estava na hora de levantar - doce ilusão, teria
mais quatro horas para suportar a bendita insônia. Fiquei me virando
e revirando por mais algumas horas (momento em que alimentei uma
ideia real, para um curta-metragem). Creio que eu precisaria da
proteção que o abraço, de alguém, poderia proporcionar. Mas
acontece que, na insônia, há apenas uma solidão (quase) completa.
Só os próprios pensamentos nos acompanham.
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