sábado, 19 de maio de 2012

Cá Dentro de Nós


Me defenestra o peito
sentar no banco em que sentávamos,
e me esquentar ao sol, como o costume.
Olhar e não te ver,
mas achar-te em cada cor,
em cada fio,
em uma madeira simples.
Procuro-te em vão,
e vazia, sem te achar,
continuo no rumo
que me chama.
Chama em combustão
que me queima inteira
e internamente.
Chama que me traz
a lembrança dos seus
olhos tímidos desviando os meus,
e da sua boca carnuda
em contato com o doce que te dei.
Chama, esta, que expulsa
águas dos meus olhos e
me fazem arder a face.

Sento-me no banco em que
costumávamos sentar, sozinha contudo.
Vejo o passo passar,
mas desencontro o seu.
Sinto o sol aquecer um
pedaço de mim e
apenas penso
“por qual razão a outra parte
não está sendo aquecida também?”
Mas, afinal,
em que parte do mundo
minha outra parte está?
Aonde está você,
meu amor?
E depois,
se de tanto penar,
eu cansar?
Aonde estará você,
meu bem?


(para ser ouvido após a leitura do poema)

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