quinta-feira, 20 de junho de 2013

Temperos, desejos e segredos

Lá do alto, tocou seu instrumento e cantou para que o outro escutasse seu pranto. Mas, obviamente, sua voz sussurrada não atingiria nem um raio de dez metros. O ar condensou ao sair dos pulmões. Misturaram-se com as nuvens do céu de inverno, com o cigarro e cobriram a lua, um pouco mais. No céu, além de nuvens e lua, haviam as estrelas. Dançaram todas, sincronizadas no ar. Como um sopro sobre uma mesa, contendo punhados ordenados de açúcares, canela em pó e pimentas rosas. Movimento. Vôo. Dança de estrelas. Planetas e pimentas.

Por querer em demasia

De tudo o que me destrói, a falta das palavras é a mais dilacerante. Não me permito escrever sobre você e te sentir nas pontas dos meus dedos. Não me permito esse desânimo. Intolerante. Que se vá tudo (com esse clichê), para nao voltar. O peso, a humilhação. Doações afetivas não se imploram, ao se entregar. Ignore meus carinhos e eu te supero, até o tempo findar.

Desejo

Só quero meu silêncio e minha poesia de volta. Minha misantropia diária. Meus vícios.

Gotas

A chuva vem para relembrar amores, trazer sono e poesia. O frio solitário, acompanhado de pureza e paz, aconchega. Uma gota, uma catarse e uma Gestalt que se fecha. Solitude, carregada de sonhos que alimentam a Ănima.

O caminho reservado à nós

Fui sacana. Sem você saber, uni minha mão à tua e (da forma mais pura) seguimos no caminho que nos foi reservado. Claro que as mãos não foram carnalmente tocadas e o caminho não era feito de paus e pedras. Nunca mais te encontrei. Teus olhos não devoraram mais os meus. Evitei até os monólogos que andavam ocorrendo entre nós. A forma mais pura aconteceu. Vi meu melhor em ti. E, ao te mirar com ternura, me amei um pouco mais.

Minha beleza

Se é o belo que tu buscas, Olha os riscos da minha íris, Os sulcos da minha epiderme. Olha de perto a minha boca. Pereba-me com o toque. Devore-me com os olhos.